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Kendrick Lamar: To Pimp a Butterfly

Kendrick Lamar é, sem dúvidas, um dos artistas mais relevantes trabalhando hoje. O Raper americano lançou poucos álbuns, mas a cada lançamento é aclamado por crítica e público.


To pimp a buterfly (2015) foi o terceiro álbum de estúdio e com longo alcance para o público. Após Good Kid M.A.A.D City (2012), já estava bem estabelecido financeiramente e era bem popular com o público e respeitado pela crítica. Por isso, o artista sentiu uma enorme responsabilidade com seu próximo trabalho, responsabilidade não só com sua carreira, mas sobre a comunidade. Ao ser encontrado em um lugar de destaque, Kendrick se sentiu na responsabilidade de liderar a comunidade negra com o qual ele cresceu e mostrou parte dessa realidade no disco anterior, usando sua influência de forma responsável, mesmo debaixo de toda a pressão do governo e da mídia.


Em 1995, com 8 anos de idade, Lamar viu seus ídolos 2Pac e Dr. Dre gravando o videoclipe para o single de sucesso California Love, um momento muito significativo na sua vida. Mais tarde, gravando o clipe para a faixa King Kunta, havia um grupo de crianças vendo a gravação. Um amigo de Kendrick mostrou isso e disse que, no passado, ele era uma das crianças. Esse episódio só aumentou a ideia de responsabilidade para o Raper.


Porém, mesmo não estando diretamente ligado a essa realidade, ele frequentemente tinha que voltar para sua cidade natal, Compiton LA, para ir em enterros de amigos e conversar com as mães e viúvas desses amigos, trazendo a “culpa de sobrevivente” colocando em suas próprias palavras.


A ideia de comunidade está no disco todo, a começar da capa. Com um grupo de homens negros na frente da casa branca, todos amigos ou conhecidos do próprio Kendrick. A posição não é afronta para com o governo, mas é um movimento de posse, trazendo a mensagem de que “Nós também somos americanos.” É curioso lembrar que o presidente da época era o Obama.


O álbum demorou anos para ficar pronto e foi feito a várias mãos, trazendo nomes como Thundercat, Anna Wise, Flying Lotus, Bilial e Kamasi Washington, artistas que lançariam álbuns relevantes nos anos seguintes. Além disso, o trabalho faz referência a vários estilos e épocas da black music, do Jazz, do Soul, ao Rap da década de 90, fazendo do álbum algo atemporal, conversando com seu legado e abrindo caminho para o futuro.


A mensagem comunitária do álbum continua na primeira faixa do álbum, Wesley’s Theory evocando o refrão de Every Nigger is a Star de Boris Gardiner. Mais tarde usada por Berry Janks em Moonlight.


O álbum não só mostra dificuldades politicas, como a violência policial e a herança da escravidão na cultura americana, mas também mostra como esses aspectos interferem na realidade do dia a dia e nas relações pessoais. Como nas faixas “For Free” e “Thesse Walls”, que falam sobre relacionamentos amorosos, e na faixa “u” que fala da relação do negro com ele mesmo e do desprezo que a sociedade impõe que pode refletir na auto-imagem.


O álbum tem um grande esforço de trazer a tona esperança, como nas faixas “All Right” e “i”, o primeiro, com uma letra realista, mas otimista, a segunda, traz uma versão ao vivo da canção, em que no meio da música a plateia começa a brigar e Kendrick briga com o público, trazendo um discurso sobre unidade, a dificuldade da comunidade negra, e a origem da palavra “Nigga” que veio de uma palavra que significa realeza. E esse esforço de mostra a realeza e a dignidade do homem negro, está no álbum todo.


A última faixa fala sobre liderança e na tendência da condenação desses líderes na primeira falha que cometem, chegando a usar até figuras bíblicas. No final, Kendrick recita o poema que foi citado em partes até então, nos começos ou no final das faixas. O poema fala sobre conflito, sobre culpa e sobre a dificuldade de achar esperança e a luta por um espaço melhor para a comunidade Afro- Americana e que, no final, talvez Kendrick não seja tão relevante assim, mas apenas mais um tentando fazer a diferença, todos são “Mortal Men”. Depois de ler o poema todo, o áudio se revela como sendo uma conversa com 2pac (morto em 1996) um dos ídolos do Artista. Em entrevista, o Rapper disse que conseguiu o áudio com um jornalista na Alemanha, e viu que os comentários do já falecido Rapper ainda eram relevantes.


Para terminar a conversa, Kendrick lê mais um poema, dessa vez, sobre uma lagarta e uma borboleta. Em uma metáfora complexa, Kendrick explora a ideia do título do álbum, mostrando como o homem negro é tido como uma lagarta pela sociedade, mas quando ela se transforma em borboleta e expõe todo seu potencial e capacidade, ele ainda está em risco.


Por fim, o álbum fala sobre preconceito, sociedade, alto imagem, sexualidade e comunidade. O artista, se sentindo com responsabilidade, não quer se mostrar como o representante de uma geração, mas é a voz muito pessoal de alguém dentro da comunidade, que não quer deixar de ver o todo em detrimento do pessoal.


“I’m not speaking to the community, [...] I’m the community”


REFERÊNCIAS:


Entrevista Completa com Kendrick Lamar:

https://www.youtube.com/watchv=AUEI_ep9iDs&list=PLBPLVvU_jvGttPkSu3UK_8YrhRoZQ-lu6


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